terça-feira, 31 de maio de 2011

Relato de Aula - 12 - Psicologia da Educação

Cartola:
- 1ª metade do século 20;
- frequentou a escola;
- funcionario público;
- coloca arte (Pedro Américo) e ciência (Cesar Lates) no mesmo nível.

* Ação Griô: valorizar sabedoria dos mais velhos.

Ferez: literatura marginal

PESQUISAR sobre Cesar Lates (irresponsabilidade do Governo Brasileiro quanto a politica nuclear)

"O conhecimentovem de duas fontes: a ciência e a arte" - RUTH

Relato de Aula - 12 - Didática

* Dialogo em grupo sobre Avaliação:

Rosangela:
- 4 a 5 atividades em cada aula, com 20 min cada
- 2º ao 5º ano
- Avaliação: sensivel / Blog

Cassia:
- 9º ano
- atividades em grupos, saraus incluidores
- Avaliação: participação, presença e interação

Keila:
- Avaliação dos alunos que vão tocar na Igreja: feita por outras pessoas
- Nas aulas: avaliação processual, através de exercícios

Celia:
- Avaliação: participação e estética

~*~*~

Compartilhado: não é autoritário.

"Objetividade" (entre parenteses) leva em conta o contexto, são subjetividades tentando ser objetivas.

Dados levantados:
- o aluno como individualidade
- programa pré-determinado
- avaliação externa
- critérios, participação estética (performance e músicas)
- blog interativo
- autoavaliação
- avaliação processual, criação individual e coletiva, portfólio

Carta da Transdiciplinaridade: carta de princípios, manifestação de Lima ?, Morin e Basarab
Lógica aristotélica: binária
Lógica ternária:
- níveis de realidade
- niveis de percepção
- 3º incluido

"A ciência não teve ética" - Capra

Basarab: transdisciplinaridade = atitude / visão

"Desumanizamos os humanos e humanizamos as máquinas" Isaac

Maturana: "Você decide ser racional..."

Dialética: opostos se unem numa sintese
Complexidade: não precisa de síntese

Morin: esfera noológica (coisas do espírito) do ser
Negaram o subconsciente: positivismo/iluminismo/cientificismo/racionalismo/mecanicismo
Filosofia escolástica: Igreja
- durante toda a idade média cientistas se opuseram.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Relato de Aula - 10 - Música e Expressão pelo Movimento

Tema: Retas e Curvas

RETAS E CURVAS -> espaço geral / espaço pessoal
TENSÃO ESPACIAL: preencher ou perfurar

- Formas corporais: retas e curvas;
- Encaixes;
- Dialogo corporal em dupla: movimento, forma, encaixe;
- Em grupo: encaixe coletivo (perfurar e preencher);
- Tunel dos sons.

Relato de Aula - 10 - Psicologia da Educação

A professora Ruth não pode ir à aula por motivo de saúde, mas solicitou que fizessemos uma atividade em grupo para encontrar relações entre os textos: “A psicologia e o mestre” (Vigotski), “Aprender” (Fuganti), “Fora” (Cristina Mussi) e ” Sala de Aula” (Julio Groppa).

O grupo foi formado por Keila, Lucila, Rosangela e eu. Encontramos os seguintes pontos de intersecção entre os textos:

- Aprendizado: aprender o que pode o pensamento e o corpo, o aprendizado criativo, no qual o professor não deve passar os conhecimentos de forma acabada, mas educar a habilidade para que o educando adquira conhecimentos.

- Experimentação: como realização de um desejo, um lançar-se fora de si, um despertar, um caminho para o aprendizado criativo. “O criador é sempre da espécie dos descontentes”.

- Superação de Paradigmas: está ultrapassada a ideia que o professor é o produtor e detentor dos conhecimentos, assumindo o papel de “todo-poderoso”. Ele é pois um organizador do meio onde atua. O próprio aluno se educa, só a vida educa.

- Comunidade escolar: o coletivismo, o dinamismo, as diferenças presentes nas relações são fundamentais para o desenvolvimento humano, sem se abster da vida lá fora.

- Autoritarismo: não basta seguir a cartilha: conhecer o seu objeto, um programa e saber gritar em casos difíceis. O educador racional nunca educa. É preciso ser alguma coisa além de mestre. O educador deve seduzir, envolver, ao invés de exigir o silêncio, motivar a concentração.

- Sala de Aula: “Dentro: inclusão; Fora: exclusão. Sala de aula não é lugar, mas ocasião.” O professor de verdade não está só preocupado com os conteúdos que precisa ensinar, mas com as inquietações humanas, as alegrias e as obrigações da vida.

domingo, 15 de maio de 2011

O movimento que recria o mundo: um colóquio pedagógico-musical entre Laban e Koellreutter

SILVA, Sonia. O movimento que recria o mundo: um colóquio pedagógico-musical entre Laban e Koellreutter. In: MOMMENSOHN, Maria; PETRELLA, Paulo (org.) Reflexões sobre Laban, o mestre do movimento. São Paulo: Summus, 2006. p. 211-222. Bibliografia: p. 222 (4 ref.).

A vida é movimento, tal qual a conhecemos.
A natureza do sistema do movimento criado por Laban tem dupla função: libertadora e reintegradora. Ao isolar o gesto e codificá-lo, ele resgata o indivíduo dos automatismos e da massificação. Lança-o na consciência de si mesmo, mediante o movimento.

Koellreutter: visão em espiral simultaneísta. A revisão da historicidade, à luz da percepção humana que ele preconiza, também visa libertar - o sujeito, a história da música - do isolamento que a tirania do linear sucessivo impõe à ordem das coisas.

Segundo Koellreutter, durante a história, o homem passou por quatro níveis de conscientização em relação às as artes:
1º) Mágico: não há conciência de tempo e espaço / ritmo isométrico / uma só intensidade / música polidirecional e monodimensional. Ex: música dos pigmeus.
2º) Pré-racionalista: noção de tempo e espaço / música tem função de comunicar com Deus / música polidirecional e monodimensional. Ex: canto gregoriano.
3º) Racionalista: homem descobre a perspectiva / melodia é elemento musical / harmonia: tridimensionalidade / consonância e dissonância. Ex: Bach e Beethoven.
4º) Integrador: pós fisica quântica / transformação da noção de tempo e espaço / transcende o conceito de tempo / polirritmia (Stravinsky), dodecafonismo (Schonberg), planimetria (Ligetti) e minimalismo (Steve Reich).

"A distinção entre mente e corpo é uma dicotomia artificial, um ato de discriminação baseado muito mais na peculiaridade da cognição intelectual do que na natureza das coisas". (Jung)

Nosso corpo é reflexo daquilo que pensamos ou pensamos aquilo que nosso corpo nos sugere?

Em 1950, Laban postulou que existem quatro fatores comuns a todo e qualquer movimento do ser humano: fluência, espaço, peso e tempo.

As frases corporais e musicais surgem no ser humano progressivamente, assim como surge, aos poucos, na vida, o domínio da linguagem oral.

Espaço, que promove a ATENÇÃO.
Tempo, que promove a PRECISÃO.
Peso, que promove a DECISÃO.
Fluência, que gera a INTENÇÃO.

Para haver crescimento e evolução é preciso ousar ser.
Ousar ser e realizar essa ousadia.
No tempo, no espaço, na música, no gesto, na vida.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Relato de Aula - 9 - Música e Expressão pelo Movimento

Tema: Forma

Atividades:
- olho e vou em direção do outro com movimento, e o outro transforma: "E se..."
- A partir do movimento criar uma forma: "Tirar uma foto"
- Improvisação em duplas, dialogo corporal, movimento X forma

Relato de Aula - 9 - Psicologia da Educação

Luria: companheiro de Vigotsky

Trivium: Gramatica / Retórica / Dialética
Quadrivium: Aritmética / Geometria / Música / Astronomia
- O que o homem produziu de melhor
- Abstração

Sepultamento: há 100.000 anos atrás / sacralidade.

Depois da Revolução Francesa: escola laica.

Perder o brilho no olhar: medo e vergonha.

Objetivo: formatar as pessoas num padrão que interessa.

Coréia do Sul:
- já gastou até 10% do PIB com educação
- Brasil: 3%

"Eu tenho capacidade de intervenção na realidade"

Estética: catarse, disciplina da filosofia
Caos:

produtividade artistica dos anos 60, 70:
- processo de educação
- ??? aprendiam a ler e escrever
- espiritos criativos mais livres

Ditadura: 70, 71 é aprovada Lei 5692/71, LDB da ditadura (quando música saiu do curriculo)
A anterior - 4024/66 - era mais democrática (pequena burguesia urbana)
A proxima foi feita somente em 1996, 8 anos após constituição

Artes marciais: é importante para desenvolvimento do espírito
- Site: ouvir ativo (Marcelo Petralha)
- Cartola: pesquisar samba-enredo sobre ciência e arte

Relato de Aula - 9 - Didática

Planejamento filosófico/politico da postura do professor em sala de aula:
Democracia / Autoritarismo / Dialogicidade / Aluno sem voz

"Planejar é preciso, mas não deve ser preciso" - Cassia

Antes do planejamento: auto-análise

AUTOANALISE:
* Epistemologica: o que deve ser ensinado primeiro?
Exemplos:
- Murray Shafer
1) Paisagem Sonora
2) Explorar instrumentos

- Dalcrose
1) Respiração
2) Movimento corporal

- Willians
1) Acuidade auditiva

- Kodaly
1) Canto
2) Solfejo mímico

- Suani
1) Percepção

- Enny
1) Escuta sensivel

Depende das coisas que você acredita.

* Psicologica: o que os alunos conseguem fazer?

* Socio-cultural: onde estou?

* Pedagógica

MATERIAIS
- Manual de Ritmos Brasileiros
- Manual de Solfejo: Cacilda Borges
- Palavra Cantada: DVD's com brincadeiras

* Cocos da Dona Selma
- Babado de Chita

BRASIL
- Complexo de inferioridade e orfandade

MOMENTOS DO PLANEJAMENTO
1) Avaliação
2) Levantamento de hipóteses do planejamento
3) Acompanhamento do desenvolvimento da ação
4) Avaliação reflexiva do produto conquistado
5) Replanejamento

Curriculista Espanhol: Cesar Coll
- Escola de Barcelona, depois para toda Espanha
- Foi contratado p/ ajudar no PCN

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A psicologia e o mestre

VIGOTSKY, Lev Semenovich. A psicologia e o mestre. In: VIGOTSKY, Lev Semenovich. Psicologia pedagógica. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 445-463.

Para abranger inteiramente o processo de educação e enfocar de um ângulo psicológico todos os aspectos mais importantes do seu desenvolvimento, é necessário levar em conta também a psicologia do trabalho do mestre e mostrar a que leis ele está sujeito.

Cada concepção particular sobre o processo pedagógico se relaciona a uma concepção específica da natureza do trabalho do mestre:
  • Tolstoi: mestre deve ser homem virtuoso, capaz de contagiar a criança.
  • Pedagogia ascética: é quem sabe por em prática os ensinamentos.
  • Domostrói: “tu a espancas pelo corpo mas salvas a alma da morte”.
  • Haüy: hipnotizador, capaz de sugestionar e subordinar a vontade do outro.
  • Pestalozzi e Froebel: jardineiro.
  • Blonski: engenheiro da antropotécnica.
  • Komiênski: método da formação deve ser mecânico, como Pestalozzi.

O novo sistema de psicologia pedagógica leva a uma nova concepção do trabalho do mestre:
  • Já nos livramos daquele preconceito segundo o qual o mestre deve educar: o próprio aluno se educa.
  • Não é tão importante ensinar certo volume de conhecimento quanto educar a habilidade para adquirir esses conhecimentos e utiliza-los.
  • Papel do professor: tornar-se o organizador do meio social, que é o único fator educativo.
  • O Magistério é para os mais aptos – O professor deve dominar o objeto que leciona – Para lecionar, pode-se saber muito pouco só que com clareza e precisão. Para orientar os próprios conhecimentos do aluno é necessário saber bem mais – “A verdade não é uma coisa tão inteligente se os seus arautos são tolos em sua maioria”.
  • Quem não é quente nem frio, mas apenas morno, nunca poderá ser um bom professor.
  • Suscitar no aluno o seu próprio entusiasmo e não atribuí-lo ao professor.
  • Dinamismo, coletivismo.
  • Trabalho criador, social e vital: “O maior erro da escola foi ter se fechado e se isolado da vida com uma cerca alta”.

Educação e arte:
  • Muita gente tem comparado o trabalho do professor ao trabalho do artista e colocado em relevo às questões da criança individual.
  • Zalkind: aproxima o processo da criação artística a qualquer outro ato mental.
  • Só um estado de incômodo social provoca mudança no aparelho psíquico: “Um pensamento emitido, um quadro pintado e uma sonata composta nascem de um estado de incômodo dos seus autores e procuram através da reeducação modificar as coisas no sentido de uma maior comodidade”.
  • O pedagogo-educador não pode não ser uma artista. O objetivismo puro do pedagogo é um absurdo. O educador racional nunca educa.
  • O que agora se realiza nos campos estreitos da arte mais tarde penetrará toda a vida e esta se tornará um trabalho criador.

Pontos para reflexão:
  • “perigo no fato de que o trabalho docente se transfere cada vez mais para as mulheres”.
  • “No futuro todo professor deverá basear o seu trabalho no psicologia, e a pedagogia científica se tornará ciência exata baseada na psicologia”.
  • “a sociologia (pedagógico, psicoterapia) não deve nem pode ser apolítica”.
  • Subordinar os processos do próprio organismo ao controle da razão e da vontade.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Relato de Aula - 8 - Música e Expressão pelo Movimento

Espaço, projeção espacial, olhar.

Atividades
- exercício de escurecer a visão com mãos, tirar as mãos mantendo o olho fechado;
- exercício de roda, de "ir junto" (visão periférica):
      - ir junto;
      - ir quando 1 vai.
- roda: Monograma de Cristo;
- olhar fixo e trocar de lugar;
- olhar fixo, manter contato e trocar;
- olhar, desviar e trocar de lugar;
- olho no ponto e vou até ele;
- olhar multifocado (não fixa em nenhum ponto).

* LIVRO: "Mentes inquietas"

Relato de Aula - 8 - Psicologia da Educação

Vigotsky
- A formação de conceitos
- Pensador Materialista / Dialético / Marxista
- A coisa mais importante da nossa vida é o aprendizado
- A ciência cumpre um papel importantíssimo

Caso interessante:
Escola da Ponte (norte de Portugal)
Diretor: José Pacheco
Desenvolveu uma prática chamada "Sistema de Assembléia", onde tudo era discutido por assembléia: curriculo, problemas, etc...
Foi solicitado e atendido ficar 5 anos fora das provas externas.
Quando voltaram a participar tiraram notas boas, sendo que antes eram os piores alunos.

Vigotsky: se interessou pela questão do aprendizado após ser convidado para trabalhar numa escola para deficientes.

PESQUISAR: métodos ativos, provedeuticas

Relato de Aula - 8 - Didática

Intervenção:
Performance com música tradicional: Alumilul (música das aveleiras).

Planejamento:
- instrumento metodológico
- para atingir uma meta
- como você vai aplicar?
- corporificação da didática
- conteúdos / procedimentos / atividades
- tempo: ano / semana / dia / aula

Processo de ensino / aprendizagem
* INTERVENÇÃO:
Exemplo: inicio da aula da Enny - dança, pergunta
- quem consegue fazer um bom passo a passo normalmente se torna um bom professor
- Objetivos da intervenção:
 - mediação
 - provocação
 - criação
 - envolvimento
 - dinamismo
DIALÉTICA: conflito -> respostas -> síntese

*ENCAMINHAMENTO: encaminhar o processo de aprendizagem
- manter o ambiente de envolvimento e concentração
- se não tem planejamento fica tudo muito espontaneista
- discussões, praticas, atividades, estratégias, que emergem da própria reação dos alunos

*DEVOLUÇÃO: qualquer momento no processo didático que se para para avaliar
- traz mais dados da teoria
- ajuda os alunos a fechar ciclo
- esclarecimento
- quem faz devolução final e professor, mas pode também ser o aluno (ex: seminário)
- referencial teórico fica claro
- fundamentação

INTERVENÇÃO:
de acordo com situação dos alunos
trazer todos para concentração
relativo também com horário da aula

DEVOLUÇÃO (critica e avaliação com fundamentação teórica):
registro
apresentação
trabalhos em grupo

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Dialética e Complexidade: tudo a ver, tio!

"Dialética (do grego διαλεκτική) era , na Grécia Antiga, a arte do diálogo, da contraposição de idéias que leva a outras idéias."
fonte: Wikipedia


"Arte de raciocinar; lógica; arte de argumentar ou discutir; modo de filosofar que busca a verdade por meio de oposiçãoe reconciliação de contradições (lógicas ou históricas)."
fonte: Pequeno Dicionário - Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira

No link http://www.esnips.com/doc/edd2865d-47f8-410e-8697-3a477087a5e4/Leandro-Konder---O-QUE-%C3%89-DIAL%C3%89TICA, tem um livro do Leandro Konder disponível na íntegra sobre o assunto. Seguem abaixo alguns trechos:

Até hoje não foi definido quem teria sido o fundador da dialética: alguns acreditam que tenha sido Sócrates (469-399 a.C.), e outros, como Aristóteles, acreditam que tenha sido Zênon de Eléa (aprox. 490-430 a.C.).

Numa discussão sobre a função da filosofia (que na época estava sendo caracterizada como uma atividade inútil), Sócrates desafiou os generais Lachés e Nícias a definirem o que era a bravura e o político Caliclés a definir o que era a política e a justiça, para demonstrar a eles que só a filosofia - por meio da dialética - podia lhes proporcionar os instrumentos indispensáveis para entenderem a essência daquilo que faziam, das atividades profissionais a que se dedicavam.

Na Grécia Antiga, a dialética era considerada a arte de argumentar no diálogo. Atualmente é considerada como o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.

No sentido moderno da palavra, Heráclito  de Efeso (aprox. 540-480 a.C.) foi o pensador dialético mais radical da Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade alguma, estão em constante movimento, modificando-se. É dele a famosa frase “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio, porque nem o homem nem o rio serão os mesmos". No Século XX, Osho Rajneesh, nascido na Índia, retoma o pensamento de Heráclito sobre a dialética com a publicação do livro "A Harmonia Oculta: Discursos sobre os fragmentos de Heráclito".

Os gregos acharam essa concepção de Heráclito muito abstrata, muito unilateral. Chamaram o filósofo de Heráclito, o Obscuro. Havia certa perplexidade em relação ao problema do movimento, da mudança. Os gregos, a propósito, preferiram a resposta dada por outro pensador da mesma época: Parmênides, que pregava que a essência do ser é imutável e que as mudanças só acontecem na superfície.

Essa linha de pensamento - que podemos chamar de metafísica - acabou prevalecendo sobre a dialética de Heráclito. A metafísica não impediu que se desenvolvesse o conhecimento científico dos aspectos mais estáveis da realidade (embora dificultasse bastante o aprofundamento do conhecimento científico dos aspectos mais dinâmicos e mais instáveis da realidade).

De maneira geral, independentemente das intenções dos filósofos, a concepção metafísica prevaleceu, ao longo da história, porque correspondia, nas sociedades divididas em classes, aos interesses das classes dominantes, sempre preocupadas em organizar duradouramente o que já está funcionando, sempre interessadas em "amarrar" bem tanto os valores e conceitos como as instituições existentes, para impedir que os homens cedam à tentação de querer mudar o regime social vigente.

Para sobreviver, a dialética precisou renunciar às expressões mais radicais, conciliando-se com a metafísica.

Depois de um século, Aristóteles (384-322 a.C.) reintroduziu a dialética, sendo responsável, em boa parte, pela sua sobrevivência. Ele estudou muito sobre o conceito de movimento, que seriam potencialidades, atualizando-se. Graças a isso, os filósofos não deixaram de estudar o lado dinâmico e mutável do real. Com a chegada do feudalismo, a dialética perdeu forças novamente, reaparecendo no Renascimento e no Iluminismo.

Dialética e trabalho

Com o trabalho surge a oportunidade do ser humano atuar em contraposição à natureza. O homem faz parte da natureza, mas com o trabalho, ele vai além. Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para compreensão da superação da dialética, atribuindo o verbo suspender (com três significados): negação de uma determinada realidade, conservação de algo essencial dessa realidade e elevação a um nível superior. Mas Marx criticou Hegel, pois Hegel não viveu nessa realidade, apenas em sala de aula e bibliotecas, não enxergando problemas como a alienação nesse trabalho.

Na ordem, a segunda contradição é justamente essa alienação. O trabalho é a atividade na qual o homem domina as forças naturais, cria a si mesmo, e torna-se seu algoz. Tudo isso devido à divisão do trabalho, propriedade privada e o agravamento da exploração do trabalho sob o capitalismo. Mas não são apenas os trabalhadores que foram afetados. A burguesia também, pela busca do lucro não consegue ter uma perspectiva totalizante.

Dialética e totalidade

A visão total é necessária para enxergar, e encaminhar uma solução a um problema. Hegel dizia que a verdade é o todo. Que se não enxergamos o todo, podemos atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a dialética estaria negando a si própria.

Logo é fundamental enxergar o todo. Mas nunca temos certeza que estamos trabalhando com a totalidade correta. Porém a teoria fornece indicações: a teoria dialética alerta nossa atenção para as sínteses, identificando as contradições concretas e as mediações específicas que constituem o “tecido” de cada totalidade. Sendo que a contradição é reconhecida pela dialética como princípio básico do movimento pelo qual os seres existem.

Na dialética, fala-se também na “fluidificação” dos conceitos. Isso porque a realidade sempre está assumindo novas formas, e assim o conhecimento (conceitos) precisam aprender a ser “fluidos”.
Engels junto com Karl Marx sempre defenderam o caráter materialista da dialética. Ele resumiu a dialética em três leis. A primeira lei é sobre a passagem da quantidade à qualidade, mas que varia no ritmo/período. A segunda é a lei da interpenetração dos contrários, ou seja, a ideia de que tudo tem a ver com tudo, que os lados que se opõem, são na verdade uma unidade, na qual um dos lados prevalece. A terceira lei é a da negação, na qual a negação e a afirmação são superadas. Porém, essas leis devem ser usadas com precaução, pois a dialética não se deixa reduzir a três leis apenas.

Após a morte de Marx, Lênin foi um dos revolucionários que lutaram contra a deformação da concepção marxista da história. A partir dos estudos da obra de Hegel, Lênin aplicou os conhecimentos na prática, como na estratégia que liderou a tomada do poder na Rússia. Com a morte de Lênin, vem uma tendência anti-dialética com Stálin, que desprezava a teoria. Ele chegou a “corrigir” as três leis de Engels, traçando por cima, 4 itens fundamentais pra ele: conexão universal e interdependência dos fenômenos; movimento, transformação e desenvolvimento; passagem de um estado qualitativo a outro; e luta dos contrários como fonte interna do desenvolvimento.

Enfim, o método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. É por isso que o argentino Carlos Astrada define a dialética como “semente de dragões”, a qual alimenta dragões que talvez causem tumulto, mas não uma baderna inconseqüente.

Método dialético

As leis da dialética
Por causa das diferentes interpretações quanto ao número de leis fundamentais do método dialético pelos autores, para facilitar, podemos dizer que são quatro leis:
1.ação recíproca, unidade polar ou "tudo se relaciona";
2.mudança dialética, negação da negação ou "tudo se transforma";
3.passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
4.interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
P.S.: Deve-se ressaltar que essas regras da dialética são exclusivamente adotadas pela dialética marxista.

Ação recíproca
Segundo Engels (In: Politizer, 1979:214), a dialética é a "grande ideia fundamental segundo a qual o mundo não deve ser considerado como um complexo de coisas acabadas, mas como um complexo de processos em que as coisas, na aparência estáveis, do mesmo modo que os seus reflexos intelectuais no nosso cérebro, as ideias, passam por uma mudança ininterrupta de devir e decadência, em que finalmente, apesar de todos os insucessos aparentes e retrocessos momentâneos, um desenvolvimento progressivo acaba por se fazer hoje".

Isso significa que para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento: nenhuma coisa está "acabada", encontrando-se sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo de outro.

Porém as coisas não existem isoladas, destacadas uma das outras e independentes, mas como um todo unido, coerente.

Mudança dialética
Todo movimento, transformação ou desenvolvimento opera-se por meio das contradições ou mediante a negação de uma coisa - essa negação se refere à transformação das coisas. A dialetica é a negação da negação.

A negação da afirmação implica negação, mas a negação da negação implica afirmação. "Quando se nega algo, diz-se não. Ora, a negação, por sua vez, é negada. Por isso se diz que a mudança dialética é a negação da negação".

Segundo Engels (In: Politzer, 1979:2002), "para a dialética não há nada de definitivo, de absoluto, de sagrado; apresenta a caducidade de todas as coisas e em todas as coisas e, para ela, nada existe além do processo ininterrupto do devir e do transitório".

Assim, "quem diz dialética, não diz só movimento, mas, também, autodinamismo" (Politzer, 1979:205).

fonte: KONDER, Leandro. O que é Dialética. 17. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. (Col. primeiros passos; 23).