Comentários sobre o texto "La flauta dulce", publicado no livro Musica para niños (original: Musik für Kinder, do compositor alemão Carl Orff e Gunild Keetmann).
Sou instrutora de instrumentos de sopro da família dos metais há cerca de 17 anos. Algo que sempre me faz pensar a respeito de articulação é a utilização de sílabas com a letra "T", seja "tá" ou "tu". Aprendi a articular no trompete com a sílaba "tá". Depois de alguns anos, com o estudo mais aprimorado, recebi a informação de que se obtem um som melhor utilizando-se a sílaba "dá".
Já participei de vários cursos, já li vários métodos, e ora recomendam a letra "t", ora a letra "d". Recentemente fiquei pensando: "será que é algo que ocorre na tradução dos métodos?".
Qual não foi minha surpresa ao ler neste texto a recomendação da sílaba "du", sendo que no texto que lemos anteriormente, "Técnica de execução" (publicado no livro Iniciacion à la flauta dulce, Judith Akoschky e Mario A. Videla), visivelmente baseado no livro de Carl Orff, sugeria a sílaba "tu". Consultei a versão em espanhol do livro Iniciacion à la flauta dulce: igual à versão em português, sugerindo a sílaba "tu".
Será que são somente vertentes diferentes de ensino?
No mais, o texto de Carl Orff é muito bom, principalmente no que diz respeito aos exercícios de respiração, às observações sobre a importância da boa qualidade do instrumentos e a prática em conjunto, me auxiliando não somente no ensino de flauta doce, mas também para os demais instrumentos de sopro.
RESUMO DO TEXTO
- A flauta doce exerce um encanto especial sobre as crianças.
- A idade ideal para iniciar o estudo desse instrumento é a partir dos 7 anos, pois antes disso as mãos das crianças são pequenas demais e seus dedos não conseguem tapar corretamente os furos.
- A flauta doce é o instrumento menos simples quando falamos de prática musical com crianças, pois para tocá-la é necessária uma técnica que, mesmo que elementar, só irão adquirir depois de algum tempo de preparação.
- A primeira dificuldade encontrada no aprendizado de flauta doce é a respiração.
- Depois de superados os primeiros exercícios, o aluno tentará reproduzir no instrumento as músicas que ele já canta na escola. Isso é algo que pode ser usado a favor do desenvolvimento auditivo.
- Introduzir algumas noções elementares de solfejo, tomando o cuidado de fazer com que o descobrimento do solfejo seja uma necessidade, e não algo imposto.
- Sincronizar o movimento de cada um dos dedos com a articulação do ar.
- Cada som se articula suavemente com a lingua, sem que essa toque os dentes, muito menos a embocadura.
- Para articular os sons, pronunciar a sílaba "du".
- Os primeiros exercícios de respiração devem consistir em inspirar rapidamente e soltar lentamente. Aos poucos os alunos vão adquirir maior capacidade para controlar o ar.
- A oitava mais grave da flauta doce coincide com a tessitura de voz das crianças. Portanto, não é necessário num primeiro momento praticar a oitava mais aguda, até mesmo por que sua técnica é mais complicada.
- Deve-se procurar instrumentos de boa qualidade e com boa afinação. Afinal, disso depende a formação ou deformação da acuidade auditiva dos alunos.
- Quando se estiver tocando em grupo, ajustar os instrumentos para se obter uma afinação coletiva. Se todas as flautas forem da mesma marca, ajudará na obtenção dessa afinação.
- Deve-se fazer a afinação após alguns minutos de prática, de forma a garantir que todos os instrumentos estejam aquecidos.
- Mesmo que as crianças conheçam todas as posições da primeira oitava, é recomendável exercitar primeiramente as notas sol-la-si-do, que correspondem a mão esquerda, por serem mais fáceis.
- Para a prática conjunta de flauta e movimento, é recomendável utilizar músicas e movimentos que não alterem o ritmo de uma respiração normal e pausada.
- Ao se utilizar a flauta doce dentro de um grupo com vários instrumentos, deve-se ser cuidado com a sonoridade e a quantidade de músicos para equilibrar o som do grupo com as flautas.
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