segunda-feira, 12 de março de 2012

O registro / a notação musical

Comentários sobre o texto "O registro / a notação musical", publicado no livro Música na Educação Infantil, de Teca Alencar de Brito




Algumas frases desse texto me chamaram muito a atenção:
“A escrita musical não é a própria música”.
“A notação deve ser o resultado de uma necessidade musical e pedagógica, e não o ponto de partida da iniciação musical”.
“Dessa forma, o sinal gráfico nunca será signo, o que é sua função real”.
Isso me fez questionar a atual forma de ensino de música que utilizamos na associação da qual sou coordenadora. Ensinamos música para jovens a partir dos 9 anos através de instrumentos de fanfarra, ou seja, instrumentos da família dos metais e da percussão. Apesar de colocar os alunos primeiro em contato com o instrumento e depois em contato com a notação musical, percebi que estamos valorizando sobremaneira esta última. Será que nossos alunos assimilam os símbolos musicais efetivamente como signos? O que é um signo?
Sem entrar no campo da semiótica, signo seria “sinal, marca, coisa que evoca outra”, de acordo com o Dicionário Rápido da Língua Portuguesa. Através do texto, e devido a uma análise crítica do nosso trabalho que sempre faço, venho me questionando se nossos alunos têm assimilado os símbolos musicais como signos que evocam o fazer musical. Acredito que a resposta seja: ainda não.
Sinto que faltam atividades que relacionem esses símbolos com o tempo e espaço, conceitos práticos que estão mais próximos deles. Gostei muito de duas das propostas feitas pela professora Claudia: utilizar retângulos de diferentes tamanhos para representar as figuras musicais e desenhar os sons com giz coloridos em cartolinas. O texto também fala de associar os diferentes tipos de sons (curtos, longos, em movimento, repetidos, muito fortes, muito suaves, graves, agudos) com movimentos do corpo, "numa realização intuitiva e espontânea da percepção dos sons ouvidos" [...] "expressando o que 'deu vontade'", que seria considerado como uma primeira forma de registro. Esses "gestos sonoros" seriam transformados posteriormente em representações gráficas. Quer melhor associação de notação, tempo e espaço?
Me lembrei das atividades realizadas pela professora Enny no semestre passado quando estávamos estudando Murray Shaffer, ao solicitar que criássemos uma composição em grupo baseados nos sons do ambiente, sendo que essa composição deveria ser escrita.
O texto da Teça Alencar me fez resgatar e associar esses fatores, contribuindo não apenas para o desenvolvimento de atividades para a faixa etária citada – referente à educação infantil – mas também para adolescentes e adultos.


RESUMO DO TEXTO

- Notação musical: necessidade de fixar as idéias musicais e, assim, preservá-las.
- Em sua origem, os sinais apenas sugeriam o movimento sonoro.
- A escrita musical não é a própria música.
- A sociedade valoriza sobremaneira a escrita, tendendo a desconsiderar o fazer musical.
- Dessa forma, o sinal gráfico nunca será signo, que é sua função real.
- O conceito de registro de um som (ou grupos de sons) pode começar a ser trabalhado com crianças de três anos.
- Diferentes tipos de sons podem ser traduzidos corporalmente, numa realização intuitiva e espontânea da percepção dos sons ouvidos, o que podemos considerar como uma primeira forma de registro.
- Esses gestos também podem ser transformados em desenhos.
- Desenhar o som é registrar intuitiva e espontâneamente os sons percebidos.
- O registro gráfico conscientiza as características do som.
- Segundo Koellreutter, o poder de abstração das crianças é muito grande, levando em conta que elas percebem primeiro o todo e depois o particular, os detalhes.
- Ao se propor que as crianças desenhem os sons, deve-se reforçar o fato de que elas não devem desenhar o instrumento, ou seja, a fonte sonora produtora do som, mas sim o som produzido (principalmente com as crianças menores).
- É importante que as crianças observem e comparem, sem juízo de valor, o que cada uma fez, fazendo com que elas reflitam sobre essa atividade, construindo hipóteses, que é o aspecto de maior importância.
- Mesmo que uma ou outra criança não esteja compreendendo exatamente a proposta, convém deixar que ela realize o exercício a sua maneira.
- Pode-se criar pequenas composições junto com as crianças.
- Cores: diferentes timbres.
- Tamanho do sinal: força do som.
- Pontos: sons curtos.
- Linhas: sons longos.
- Ziguezagues para sons trêmulos ou frotados.
- Para crianças a partir de 6 anos, também é possível trabalhar com a notação da forma da música (A-B-A, por exemplo).

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