VIGOTSKY, Lev Semenovich. A psicologia e o mestre. In: VIGOTSKY, Lev Semenovich. Psicologia pedagógica. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 445-463.
Para abranger inteiramente o processo de educação e enfocar de um ângulo psicológico todos os aspectos mais importantes do seu desenvolvimento, é necessário levar em conta também a psicologia do trabalho do mestre e mostrar a que leis ele está sujeito.
Cada concepção particular sobre o processo pedagógico se relaciona a uma concepção específica da natureza do trabalho do mestre:
- Tolstoi: mestre deve ser homem virtuoso, capaz de contagiar a criança.
- Pedagogia ascética: é quem sabe por em prática os ensinamentos.
- Domostrói: “tu a espancas pelo corpo mas salvas a alma da morte”.
- Haüy: hipnotizador, capaz de sugestionar e subordinar a vontade do outro.
- Pestalozzi e Froebel: jardineiro.
- Blonski: engenheiro da antropotécnica.
- Komiênski: método da formação deve ser mecânico, como Pestalozzi.
O novo sistema de psicologia pedagógica leva a uma nova concepção do trabalho do mestre:
- Já nos livramos daquele preconceito segundo o qual o mestre deve educar: o próprio aluno se educa.
- Não é tão importante ensinar certo volume de conhecimento quanto educar a habilidade para adquirir esses conhecimentos e utiliza-los.
- Papel do professor: tornar-se o organizador do meio social, que é o único fator educativo.
- O Magistério é para os mais aptos – O professor deve dominar o objeto que leciona – Para lecionar, pode-se saber muito pouco só que com clareza e precisão. Para orientar os próprios conhecimentos do aluno é necessário saber bem mais – “A verdade não é uma coisa tão inteligente se os seus arautos são tolos em sua maioria”.
- Quem não é quente nem frio, mas apenas morno, nunca poderá ser um bom professor.
- Suscitar no aluno o seu próprio entusiasmo e não atribuí-lo ao professor.
- Dinamismo, coletivismo.
- Trabalho criador, social e vital: “O maior erro da escola foi ter se fechado e se isolado da vida com uma cerca alta”.
Educação e arte:
- Muita gente tem comparado o trabalho do professor ao trabalho do artista e colocado em relevo às questões da criança individual.
- Zalkind: aproxima o processo da criação artística a qualquer outro ato mental.
- Só um estado de incômodo social provoca mudança no aparelho psíquico: “Um pensamento emitido, um quadro pintado e uma sonata composta nascem de um estado de incômodo dos seus autores e procuram através da reeducação modificar as coisas no sentido de uma maior comodidade”.
- O pedagogo-educador não pode não ser uma artista. O objetivismo puro do pedagogo é um absurdo. O educador racional nunca educa.
- O que agora se realiza nos campos estreitos da arte mais tarde penetrará toda a vida e esta se tornará um trabalho criador.
Pontos para reflexão:
- “perigo no fato de que o trabalho docente se transfere cada vez mais para as mulheres”.
- “No futuro todo professor deverá basear o seu trabalho no psicologia, e a pedagogia científica se tornará ciência exata baseada na psicologia”.
- “a sociologia (pedagógico, psicoterapia) não deve nem pode ser apolítica”.
- Subordinar os processos do próprio organismo ao controle da razão e da vontade.
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