domingo, 15 de maio de 2011

O movimento que recria o mundo: um colóquio pedagógico-musical entre Laban e Koellreutter

SILVA, Sonia. O movimento que recria o mundo: um colóquio pedagógico-musical entre Laban e Koellreutter. In: MOMMENSOHN, Maria; PETRELLA, Paulo (org.) Reflexões sobre Laban, o mestre do movimento. São Paulo: Summus, 2006. p. 211-222. Bibliografia: p. 222 (4 ref.).

A vida é movimento, tal qual a conhecemos.
A natureza do sistema do movimento criado por Laban tem dupla função: libertadora e reintegradora. Ao isolar o gesto e codificá-lo, ele resgata o indivíduo dos automatismos e da massificação. Lança-o na consciência de si mesmo, mediante o movimento.

Koellreutter: visão em espiral simultaneísta. A revisão da historicidade, à luz da percepção humana que ele preconiza, também visa libertar - o sujeito, a história da música - do isolamento que a tirania do linear sucessivo impõe à ordem das coisas.

Segundo Koellreutter, durante a história, o homem passou por quatro níveis de conscientização em relação às as artes:
1º) Mágico: não há conciência de tempo e espaço / ritmo isométrico / uma só intensidade / música polidirecional e monodimensional. Ex: música dos pigmeus.
2º) Pré-racionalista: noção de tempo e espaço / música tem função de comunicar com Deus / música polidirecional e monodimensional. Ex: canto gregoriano.
3º) Racionalista: homem descobre a perspectiva / melodia é elemento musical / harmonia: tridimensionalidade / consonância e dissonância. Ex: Bach e Beethoven.
4º) Integrador: pós fisica quântica / transformação da noção de tempo e espaço / transcende o conceito de tempo / polirritmia (Stravinsky), dodecafonismo (Schonberg), planimetria (Ligetti) e minimalismo (Steve Reich).

"A distinção entre mente e corpo é uma dicotomia artificial, um ato de discriminação baseado muito mais na peculiaridade da cognição intelectual do que na natureza das coisas". (Jung)

Nosso corpo é reflexo daquilo que pensamos ou pensamos aquilo que nosso corpo nos sugere?

Em 1950, Laban postulou que existem quatro fatores comuns a todo e qualquer movimento do ser humano: fluência, espaço, peso e tempo.

As frases corporais e musicais surgem no ser humano progressivamente, assim como surge, aos poucos, na vida, o domínio da linguagem oral.

Espaço, que promove a ATENÇÃO.
Tempo, que promove a PRECISÃO.
Peso, que promove a DECISÃO.
Fluência, que gera a INTENÇÃO.

Para haver crescimento e evolução é preciso ousar ser.
Ousar ser e realizar essa ousadia.
No tempo, no espaço, na música, no gesto, na vida.

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