Sensacional! Como a nossa sociedade estaria bem diferente tanto na cultura quanto em outros aspectos se todos pensassem dessa forma.
Por isso tomo a liberdade de entitular esse relato atribuindo a Koellreutter a posição de "mestre da música do século 21". Possivelmente, várias pessoas com muito mais conhecimento do que eu poderão refutar essa colocação, dizendo que esse ou aquele compositor trouxeram mais colaborações para a música nesse período.
Entretanto, se olharmos de forma ampla, o pensamento de Koellreutter teria de ser o pensamento do século 21: inclusão, criatividade, questionamentos. Acredito que precisamos assimilar e aplicar essas três palavras para dar um sentido a nossa existência, e para que possamos colaborar com esse nosso planeta, tanto socialmente quanto ecologicamente.
"Por que o sr. sempre carrega a Bíblia, o Fausto, de Goethe, e A Arte da Fuga, de Bach?"
Koellreutter: "Tudo o que falamos até agora está na Bíblia ou no Fausto. Quanto à Arte da Fuga, de Bach, já a regi mais de 50 vezes. É uma obra fascinante, em que cada nota tem significado e, ao mesmo tempo, há uma unidade fantástica. Muitos me perguntam como chego a essas conclusões estranhas e lhes respondo que estudei o futebol na última Copa. Em campo, vi que a disciplina incrível do time brasileiro convivia com uma liberdade extraordinária, quando diante do adversário. Isso é a música. Pensei na hora na Arte da Fuga, rigorosamente disciplinada e, ao mesmo tempo,de uma liberdade de interpretação total. Desde então, trabalho deste modo: misturo aquilo que acho que é a estrutura básica, os pilares da composição, com uma mudança constante do que está entre esses pilares. Espero não abandonar essa forma de compor antes de desaparecer."
Trecho da entrevista "Música Tem de Ter Conteúdo", publicada pelo "Estado" em 1º de novembro de 1997 (orientado por Carlos Haag).
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